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Cadê as Árvores Brasileiras que estavam aqui?


Por Daniel Saueressig | 11 de abril de 2017 | Categoria Dendrologia

Sessea regnellii destaque

 

Em 2007 a equipe do Instituto Plantarum esteve aqui em Irati/PR para fotografar algumas espécies arbóreas, que foram publicadas no terceiro volume da série “Árvores Brasileiras”, de autoria do Eng. Agrônomo Harry Lorenzi.

Na ocasião, eu cursava o último ano de Engenharia Florestal na UNICENTRO e mantinha na internet um site sobre as “Árvores de Irati”. Foi através do site que o Lorenzi conheceu meu trabalho com a dendrologia e acabou me contatando, pois eu tinha registrado aqui árvores que lhe interessavam, inclusive algumas que há anos ele procurava por um exemplar isolado sem sucesso. Foram adicionadas no livro 4 fotografias de árvores encontradas nos arredores da cidade.

De lá pra cá, muita água rolou!

O município de Irati, situado na região Centro-Sul do Paraná e em área de Mata de Araucária (Floresta Ombrófila Mista), nos últimos 10 anos teve um crescimento considerável. Este crescimento urbano, como acontece na maioria das cidades brasileiras, é responsável pela supressão da vegetação nativa, que invariavelmente sede lugar para loteamentos e condomínios.

Diante disso, você já deve imaginar o que aconteceu com as 4 árvores que foram fotografadas e publicadas no livro do Lorenzi … ou não?

Você acha que elas foram preservadas?

Abaixo lhe dou mais detalhes de cada caso.

 

Tetrorchidium rubrivenium

Este imponente canemaçu, cujo nome científico é Tetrorchidium rubrivenium (família Euphorbiaceae), crescia no alto de uma colina na face leste da cidade, num dos pontos mais altos e bonitos de Irati. Praticamente todas as árvores do local foram removidas e a área então transformada num condomínio fechado de lotes, o Residencial Montez. Cabe ressaltar que o Tetrorchidium rubrivenium apresenta baixa frequência e pode ser considerada espécie rara na área do município.

 

Piptocarpha axillaris

O vassourão-preto, cientificamente chamado de Piptocarpha axillaris (família Asteraceae), crescia na margem da BR-153, numa área que também foi loteada. Apesar de ser uma árvore comum na região, eu duvido que seria diferente se fosse uma árvore em perigo de extinção.

 

Myrciaria delicatula

Vulgarmente chamado de araçá-do-mato ou cambuí-amarelo, cientificamente conhecido como Myrciaria delicatula e pertencente a família Myrtaceae (parente da jabuticabeira), vegetava numa área que foi destocada, murada e se tornaria um condomínio fechado. Segundo informações de populares, a área foi embargada e o projeto paralisado justamente por estar em desacordo com a legislação ambiental vigente. No local haviam exemplares de Pinheiro-Brasileiro (Araucaria angustifolia), uma espécie em extinção e imune de corte desde 1994. Além disso, havia pelo menos uma nascente d’água no local.

 

Sessea regnellii

Conhecida como coerana, cujo nome científico é Sessea regnellii, trata-se de uma árvore que pertence a família Solanaceae (da mesma família do tomate). Ela crescia na margem da BR-277 e foi cortada pela equipe de manutenção da rodovia. Segundo relato de um ex-andarilho, que atualmente reside num barraco na beira da estrada próximo onde havia a árvore, a equipe da concessionária cortou pois era uma árvore de risco: “era mole e poderia cair na estrada”, contou seu José. Das 4 árvores, a coerana foi a única que não teve seu corte influenciado diretamente pelo avanço da área urbana.

 

Essa é a “história do fim” ou o “fim da história” de cada uma das 4 árvores aqui abordadas, que agora só poderão ser vistas no livro do Lorenzi. Obviamente ainda existem exemplares dessas 4 espécies em outros remanescentes florestais no país. Mas até quando?

Apesar da importância imensa da nossa flora ser autoevidente, quanto tempo ainda levaremos para entender que a convivência dos homens entre as plantas pode e precisa ser harmoniosa?

 

 


Daniel Saueressig é Técnico e Engenheiro Florestal, com mestrado em Conservação da Natureza, e que não se cansa de estudar as plantas.

Realizou diversas expedições botânicas pelo país e participou de estudos florísticos, fitossociológicos e inventários florestais, que foram apresentados e/ou publicados em seminários, congressos, revistas, dissertações e livros.

Em dezembro de 2014 fundou a Editora Plantas do Brasil, com o lançamento do livro: PLANTAS DO BRASIL – ÁRVORES NATIVAS Vol.1. Recentemente lançou um novo livro intitulado: PLANTAS DO BRASIL – ESPÉCIES ORNAMENTAIS Vol.1.

 


 

Tags:árvore, dendrologia

3 comentários sobre “Cadê as Árvores Brasileiras que estavam aqui?”

  • julio fernandes de almeida disse:
    11 de abril de 2017 às 16:23

    É muito triste observar o que se passa com toda a mata nativa nesta terra. Parece que o homem tomou como inimiga a árvore! Ela sempre “atrapalha”, não sabe conviver, não arreda um milímetro de seu projeto para preservar seja lá o que for. Lamentável e preocupante…
    Aproveito para perguntar, quando teremos o segundo volume do Árvores Nativas do Daniel.
    Parabéns.

    Acesse para responder
    • Daniel Saueressig disse:
      18 de abril de 2017 às 20:46

      Olá Julio! Realmente, deplorável e perturbante. Quanto ao segundo volume da série Árvores Nativas, vamos aguardar aquecer um pouco o mercado, pois essa crise praticamente inviabiliza novos projetos editorais. Mas adianto que tem novidade a caminho! Lhe mantenho informado. Um abraço!

      Acesse para responder
  • Alexandre Medeiros disse:
    19 de abril de 2017 às 06:49

    Parabéns pelo excelente trabalho, e claro, moro em SC., em Balneário Camboriú, as praias agrestes estão na mira da construção civil…

    Acesse para responder

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